Quanto tempo...
Me mudei pra essa casa-caos. Eu sei que reclamo de barriga cheia, sei que tem muita coisa pior e tals, mas há tempos pus na minha cabeça que a nossa unha encravada só dói na gente então, da mesma forma que aprendi a não julgar e tentar entender ou simplesmente aceitar a dor dos outros, assim também o farei comigo mesma. Porque eu não tô bem, não tô feliz e tudo é só mais um motivo. E eu vou afundando e quando percebo, me afogo no meio de tanta dor acumulada.
Passei um puta fim de semana, perfeito. Orla de Copacabana, Ipanema, Leblon, pedras do Arpoador, pizzaria Guanabara, Lagoa, churrascarias, Letras e Expressões, pista Cláudio Coutinho, Corcovado, Museu da República... Simplesmente foda fazer turismo na sua cidade, apresentando seus lugares favoritos pra um alguém que nunca viu aquilo, e conhecendo também alguns cantos que sempre estiveram a alguns passos de distância mas que, por algum motivo, você nunca ultrapassou a barreira desses poucos metros. Ri muito e falei muita besteira. Encontrei um debilóide como eu. Até que ele atravessou uma porta de embarque e se foi. E eu não olhei duas vezes, dei meia volta e saí correndo, chorando, com um rombo do tamanho do mundo a devorar meu coração.
Nos falamos rapidamente no icq, ele ficou de ligar, mas como era de se esperar, não ligou. Foram quatro dias a dois, só eu e ele no mundo. Nunca te vi e de repente nós temos uma intimidade brutal. Por muito menos minha cabeça fica mexida, com isso então... Embarquei nesses dias sabendo que podia tanto sentir ojeriza dele quanto uma paixão fulminante, e esta podia ou não ser correspondida. Tinha colocado na cabeça que não ia esperar nada, ia só viver e ver. Mas teoria e prática caminham lado a lado e nem sempre se cruzam. Aparentemente ele simpatizou comigo. E só. Mas eu ando precisando de muito mais que simpatia, preciso viver essa tal paixão avassaladora. Hoje meu querido amigo Janio disse que um sentimento assim acaba da mesma forma que começou. Ok, acaba, mas pode virar amor também, se existir um bom diálogo e afinidades. E, de qualquer forma, minhas últimas paixonites nem foram tão intensas (pelo menos não da outra parte) e também se foram, levando sempre um pedacinho de mim. Tanto é que as vezes eu paro e me pergunto o que sobrou de mim, se ainda resta algo... A resposta vem quando tão logo aparece outra criatura capaz de me machucar e aí então eu vejo que ainda resta algo a ser roubado, mais uma parte de mim a ser consumida vorazmente, sem dó nem piedade.
Trabalhos, trabalhos e trabalhos da faculdade a serem feitos. O menor saco, a menor perspectiva. Só a de que vou viajar no fim do mês, mas nem me sinto esperada, como sempre espero pelos meus amigos. Tá, talvez seja só paranóia minha, mais um dos meus "encucamentos".
Ahhh... mas e se ele for blasé comigo como um outro alguém de lá também já foi? Não tô mais a fim de ser vilipendiada e descartada como qualquer coisa. Daqui a pouco entro numas de ter medo de sair e conhecer pessoas, como uma amiga queria se sente.
Ai, viver é foda, viver dói e parece tão triste... A vida é um buraco frio, escuro, solitário e silencioso, onde as vezes alguém põe uma musiquinha e acende umas luzes coloridas e enche umas bolinhas tentando te animar. Mas quando você esboça um sorriso, a festa acaba.
quinta-feira, junho 06, 2002
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