sábado, outubro 12, 2002

As vezes parecia que de tanto acreditar
Em tudo que achávamos tão certo,
Teríamos o mundo inteiro e até um pouco mais:
Faríamos floresta do deserto
E diamantes de pedaços de vidro.


Mas percebo agora
Que o teu sorriso
Vem diferente
Quase parecendo te ferir

Não queria te ver assim
Quero a tua força como era antes.
O que tens é só teu
E de nada vale fugir
E não sentir mais nada.

As vezes parecia que era só improvisar
E o mundo então seria um livro aberto,
Até chegar o dia em que tentamos ter demais,
Vendendo fácil o que não tinha preço.


Eu sei - é tudo sem sentido.
Quero ter alguém com quem conversar,
Alguém que depois não use o que eu disse
Contra mim.

Nada mais vai me ferir
É que eu já me acostumei
Com a estrada errada que segui
E com a minha própria lei.

Tenho o que ficou
E tenho sorte até demais
Como sei que tens também.
Raspas e restos me interessam.

sexta-feira, outubro 11, 2002

Sabe aquela coisa que você nunca viu mas ainda assim acredita? Tem gente que acredita em Deus, tem quem acredite em bruxas, fadas, gnomos, Papai Noel e coelinho da Páscoa. Tem até quem diga que já viu alguma dessas criaturas, com o perdão da palavra.
Pois eu nunca vi, não,sei, não conheço, e tenho todos os motivos do mundo pra desacreditar, mas ainda assim acredito no amor. Demodé? Deve ser, mas é mais forte que eu. Infelizmente.
Caralho, tocou Kent na Fluminense!
Não acredito.
Foda.
Depois daquele dia de merda, depois de ter feito de tudo pra me distrair e esquecer os ocorridos, depois de tudo, ele ligou. Confesso que foi bom, o papo foi longo e até que bem agradável, mas eu sabia, claro que eu sabia que essa minha tranquilidade era ilusória, estava anestesiada. No dia seguinte é que vinha a ressaca e a dor de cabeça comuns. Não deu outra. Acordei com cara de ontem, com cara de fim-de-festa. Bem vinda a vida, queridinha, a festa acabou, mais uma vez. A gente se divertiu bastante, ele disse. É, eu sei, por isso mesmo, eu só não queria que tivesse acabado. Mas SEMPRE acaba.

quinta-feira, outubro 10, 2002

Another No-One

Ela não ficava muito tempo sozinha. Volta e meia aparecia um cara novo e era sempre assim, paixão avassaladora, os dois colavam e seguiam juntos pra cima e pra baixo, noite e dia. Carinhos e sorrisos, uma coisa. Até parecia amor de verdade, daqueles de filme, amor pra vida toda, com tudo o que se tem direito, fidelidade, coisa e tal.
Ela tinha cansado das baladas e calhava dos caras não gostarem de sair, então era tv e pizza todo dia. Mas ela adorava. Não existe rotina pra quem gosta, ela dizia. E acreditava de verdade. Mas eles não. E pronto, passava um mês. O seu coração apertava, ficava pequenininho, encolhidinho e perdido dentro do peito. A vontade é que ele se perdesse de vez ali, pra ninguém achar e não ferir, mais uma vez. Porque ela sabia que seria assim. Era sempre assim. Mas quem disse que adianta? Depois de um mês e mais alguns dias, tcharam, tudo iria por água abaixo, como sempre. E aparentemente do nada, depois de filmes e risadas e pizza e banho e de dormir abraçadinho. Acabou. Sempre acaba. E você se acostuma e a dor passa. E a vida volta, os amigos estão ali, têm as baladas, que mesmo sem graça as vezes são um passatempo interessante num findi interminavelmente tediante. Até que outro menino aparece, por aí. Não importa como ele aparece, ele sempre vai aparecer. E se você fugir do mundo e não sair nunca mais, ainda assim ele vai aparecer. Vai bater na sua porta, vai ligar ou vai cair de pára-quedas no seu computador. E vai tomar seu coração virulentamente, vai colar em você e vai te dar um-mês-e-alguns-dias maravilhoso, dos sonhos, e vai destroçar seu coração e devolvê-lo aos farrapos. Ah, e sem exceção, ele vai gostar de Suede. Vai ver que é isso.
Têm coisas que nunca mudam.
Hoje chorei, depois de tanto tempo. Sempre fui chorona, mas tinha colocado na cabeça que ia ficar bem e não ia chorar, que aí tudo ia dar certo. Parecia que tinha funcionado, mas como tudo na vida, por tempo limitado. E põe limitado nisso. Nem deu tempo de sentir o gostinho da alegria e do sorriso constantes. E é assim que tem que ser? Sempre? Pra sempre? Se for assim, me desculpe, mas eu não quero.
Minha mãe conta que certa vez, quando eu era criança, eu enfiei uma agulha de crochê na tomada e tomei um puta susto com o choque, voei longe. E o que é que eu fiz? Fui lá e enfiei de novo. E é isso aí, a melhor forma de se aprender uma lição é na prática, é caindo pra aprender a levantar, pra aprender a cair mesmo. Mas eu não aprendo, eu sempre volto pra levar outro choque. Não me protejo, não tomo o menor cuidado. E hoje eu tomei outro choque. E tá doendo. Porque você não aprende a não sentir dor, sempre dói. E parece que a dor não vai acabar nunca, porque ela é forte, ela é intensa. Eu não aprendo nem a lidar com a dor.
Mas um dia ela passa, sempre passa. E resolve voltar, quando menos se espera, quando a gente acha que tá finalmente curado. E dói muito, dói mais, porque é ferida por cima de ferida, corte em cima de ferida que nunca fecha. Nunca.

É, acabou.

quarta-feira, outubro 09, 2002

Sou uma metamorfose ambulante. Gosto disso, gosto de poder mudar de opinião e gosto de não me culpar por isso. Mas eu vivo oscilando, e desde sempre foi assim. Tenho dúvidas, vivo em dúvida. E as coisas comigo se transformam com muita facilidade. Bom? Ruim? Depende, mas me assusta. Mudo os cabelos, mudo as roupas, tenho vontade de ir a lugares que nunca liguei e desejo de comer alguma comida que não gosto. Meu humor as vezes varia bruscamente, meu ânimo também. Acordo feliz e saio de casa chorando, aparentemente sem motivo (mas aqui tem um adendo: eu penso demais). Espero ansiosamente por uma festa e no dia resolvo não ir. Acredito realmente que te amo, mas não consigo passar tanto tempo com você. Começo a ler um livro e não consigo terminar. Enjoa. Tenho toda a paciência do mundo para explicar como se liga o computador, mas não tenho saco com perguntas idiotas. Mas depende, tudo depende. Depende do dia, depende da pessoa, depende do tempo, depende. Não estaciono em nenhum dos extremos.
Eu tenho medo da rotina, medo de pizza domingo a noite, medo de ir toda semana ao cinema ou de assistir a vídeos em casa. Não que eu canse de fazer sempre as mesmas coisas. Não, nem sempre. Dependendo da companhia, cada dia tem um sabor diferente. É piegas, mas eu sou piegas, o amor é assim. E eu ainda acredito nisso. Não tenho medo dos dias aparentemente serem iguais, porque para mim nunca são, não quando você está ao meu lado. Tenho medo por você, que talvez não consiga perceber isso.
MÚSICA DO DIA:
E estamos conversados
(Paulo Tatit / Arnaldo Antunes)

Eu não acho mais graça nenhuma nesse ruído
constante
que fazem as falas das pessoas falando,
cochichando e reclamando,
que eles querem mesmo é reclamar,
como uma risada na minha orelha,
ou como abelha, ou qualquer outra coisa
pentelha,
sobre as vidas alheias, ou como elas são feias,
ou como estão cheias de tanto esconderem
segredos que todo mundo já sabe,
ou se não sabe desconfia.
Eu não vou mais ficar ouvindo distraido
eles falarem deles e do que eles fariam
se fosse com eles e o que eles não fazem de
jeito nenhum, como se interessasse a
qualquer um.
Eles são: as pessoas, todas as pessoas,
fora os mudos.
Se eles querem falar de mim, de nós,
de nós dois, falem longe da minha janela,
por favor, se for falar do meu amor.
Eu agora só escuto rádio, vitrola, gravador.
Campainha, telefone, secretária eletrônica
eu não ouço nunca mais, pelo menos por
enquanto.
Quem quiser papo comigo tem que calar
a boca enquanto eu fecho o bico.
E estamos conversados.
Não gosto de macarrão. Só gosto de Miojo, as vezes. Nem, não é que eu não goste, só não morro de amores. Mas ontem me deu uma puta vontade de comer macarrão e eu fiz um molho maravilhoso. E hoje deu vontade de novo, mas não tinha mais aquele de argolinha (não sei o qual é o nome, mas é daquele que a gente usava na escola pra pintar e fazer colar no dia do índio), então fiz espaguete mesmo.
Mas antes que vocês, amigos maldosos, digam que é "desejo", posso lhes garantir que é normal, já que algumas vezes no ano eu tenho desejo de comer (argh) ovo também. Vá entender...
Sempre achei meio escroto pessoas que se mostravam surpresas, em seus blogs, por serem lidas e receberem retorno no que escrevem. Achava forçado, falso. Mas cá estou eu, sendo tomada pela mesma surpresa, e juro que não é arrogância de estrelinha, até porque, grandes merdas, eu tenho um blog e ele tá na net, logo, quem sai na chuva é pra se molhar. Fico abismada, isso sim, por alguém gostar de algo que eu escrevo. Isso é foda, porque a minha insegurança não permite jamais que eu fique satisfeita com algo que eu pense, diga ou faça. Isso me lembra um fato que aconteceu logo de manhã, hoje. Resumindo, por eu ser estagiária de fotografia e por todos da fotografia sempre terem nariz em pé e, sei lá porque motivo, por ser a fotografia o lugar mais foda dos laboratórios da faculdade (os outros são rádio e vídeo)... bem, eu possuo um status que me torna metida a fodona. Hahaha. Eu, logo eu. Tsc, tsc. Não quero entrar naqueles papos chatos de que ninguém é melhor que ninguém, mas pô, é verdade. O mundo dá tantas voltas, as vezes tá tudo maravilhosamente bem, e as vezes você tá tão no fundo do poço que não tem mais pra onde cair. E sempre muda, sempre piora, melhora, mas estagnado você nunca está, pelo menos não enquanto estiver nesse planeta. Tudo muda tanto o tempo todo, que umas amigas costumavam dizer que se deixassem de falar uma semana comigo, perdiam o fio da meada. E é isso. Hoje eu acordei tristinha e tudo só piorou, a impressão que eu tenho é a de que não devia ter saído da cama. Mas papo vai, papo vem, e coisas boas aconteceram, existem pessoas legais também. E teve esse mail aqui, bem legal.

"Oi Juliana,

Tô te mandando esse e-mail só pra te dizer que vc não me conhece, MAS LEIO SEU BLOG TODOS OS DIAS. Acho muito legal o que vc fala sobre sentimentos e desamores, parece ser exatamente o que sinto ou que já senti. :) Pode ser que a gente tenha algo em comum, não só o nome, mas algo na personalidade. Legal, muito legal mesmo.

***Muito Obrigada***

Ju.

(de Brasília)"


Eu que te agradeço, puxa.
Obrigada.

terça-feira, outubro 08, 2002

Preciso tomar cuidado com o que eu digo.
Pessoas lêem isso aqui.
Mais pessoas do que eu imaginava.
E isso pode causar constrangimentos, por mais que eu não me arrependa do que eu disse.
Leiam os comentários.
Por muito tempo eu pensei que a minha vida fosse se tornar uma vida de verdade. Mas sempre havia um obstáculo no caminho, algo a ser ultrapassado antes de começar a viver, um trabalho não terminado, uma conta a ser paga. Aí sim, a vida de verdade começaria. Por fim, cheguei a conclusão de que esses obstáculos eram a minha vida de verdade. Essa perspectiva tem me ajudado a ver que não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho!
Assim, aproveite todos os momentos que você tem. E aproveite-os mais se você tem alguém especial para compartilhar, especial o suficiente para passar seu tempo; e lembre-se de que o tempo não espera ninguém. Portanto, pare de esperar até que você termine a faculdade; Até que você volte para a faculdade; até que você perca 5 quilos; até que você ganhe 5 quilos; até que você tenha tido filhos; até que seus filhos tenham saído de casa; até que você se case; até que você se divorcie; até sexta à noite; até segunda de manhã; até que você tenha comprado um carro ou uma casa nova; até que seu carro ou sua casa tenham sido pagos; até o próximo verão, outono, inverno; até que você esteja aposentado; até que a sua música toque; até que você tenha terminado seu drink; até que você esteja sóbrio de novo; até que você morra; E decida que não há hora melhor para ser feliz do que AGORA MESMO...
Lembre-se: "Felicidade é uma viagem, não um destino".


HENFIL

segunda-feira, outubro 07, 2002

Yes, there's love if you want it
Don't sound like no sonnet, my lord
Todos os rádios do mundo estão de complô contra mim!
Porque será que toca Cidade Negra all time?
A Fluminense agora resolveu fazer uma promo (???) que mais parece castigo: "seja rodie do Cidade Negra".
Deus é mais, que merda.

domingo, outubro 06, 2002

Os pensamentos foram mais fortes. Desculpe.
Ai, será que tem Tim Maia nessa casa?
Vou ver se leio, ou durmo, até que esse dia horroroso se acabe.
Já disse que detesto domingo?
Para toda ação há uma reação. Pessoas mudam do nada. Eu mudo do nada, como consequência. E não entendo, eu nunca entendo. Acho que nunca vou entender, então nunca vou aprender, vou passar o resto dos dias batendo cabeça, caindo e chorando. Levantando e seguindo em frente, até a próxima pedra no meu caminho. Tá, talvez eu esteja que nem o cara da piada que adivinha tudo o que o outro vai dizer e já chega chingando. Sofro por antecedência, imagino diálogos completos, mas sempre sou perdedora, me imagino assim. Burra. Mas se eu pudesse construir meus finais, se minha imaginação tivesse o poder de decidir meu destino, eu sei bem tudo o que eu ia querer fazer. Não quero muito não, quero muito menos do que muita gente tem fácil, fácil, sem esforço algum. Só quero ser feliz. Só isso. Ah, e com você.
O homem pensa demais, este é o problema. O homem não deve pensar muito, esta é a minha opinião. Deve amar e trabalhar. Deve tomar sol e olhar as árvores. Quando a minha cabeça quer pensar, eu compro chicletes e fico mascando, masco com força, o chiclete me ajuda a não pensar. Às vezes, os pensamentos querem invadir, querem construir uma torre, pedra sobre pedra, forçam a cabeça do homem, mas o homem é mais forte que os pensamentos, o homem pode esquecer. E quando não consegue esquecer, o homem pode cantar músicas do Tim Maia.

Tô lendro um livro pra faculdade, chama-se O Matador, é da Patrícia Melo e é discaradamente inspirado num conto do Rubem Fonseca, O Cobrador. Detesto coisas "inspiradas discaradamente", mas até que tô gostando do livro, é bom de ler.
Tudo é dor e toda dor vem do desejo de não sentirmos dor.