segunda-feira, abril 08, 2002

E depois de tanto tempo juntos ela ainda se perguntava se ele realmente gostava dela. Ela tinha essa mania de se questionar quanto a tudo e todos o tempo todo, era insegura, mas dessa vez tinha certeza que não era paranóia, que não estava exagerando. Ele era presença constante na sua vida, era carinhoso, mas ao mesmo tempo que estava lá, também não estava. Podia ser só um impressão, ela tentava acreditar nisso, mas no fundo sabia que não, que algo estava estranho. Ele só falava muito, ria e brincava quando estava com os amigos, como se eles fossem sua fortaleza. Com ela ele parecia se sentir confortável, mas se trancava, ficava quieto, num silêncio que a deixava deveras constrangida. E ele permanecia tranquilo, como sempre. E os dias passavam, a vida seguia, e ela continuava se sentindo uma estranha perto dele, sem sequer conseguir conversar suas coisas cotidianas sem se sentir uma tola. "Ele nunca comenta nada", pensava. E não queria perdê-lo, tinha medo que ele sumisse do nada, da mesma forma que apareceu numa bela noite de sábado, naquela janelinha que piscava elogiando seu gosto musical. Numa rara exceção ela parou para conversar com aquela criatura, um número até então, dentre tantos outros que lhe apareciam diariamente. "Oh, whatever makes her happy on a Saturday night, Oh whatever makes her happy, whatever makes it alright." Culpa do Suede.
As férias acabaram, ele voltou ao trabalho e ao mestrado. Agora teriam menos tempo, e as neuras tendiam a aumentar, povoando sua cabeça de dúvidas eternas e perguntas sem respostas. Será ele só uma pessoa desligada e com pé atrás? Esse pelo menos não deixa de viver, só espera para rotular. E rótulos também não fazem tanta diferença assim, só passam uma falsa impressão de segurança. Mas ela sonhava com o dia que ouviria algo que mostrasse o vínculo entre seus corações, qualquer frase - até mesmo palavra - mais melosa. Mas como diz a Kamille, melhor um cara que age demais e fala de menos, do que um político, que promete, promete e não cumpre.
Mas porque diabos ele não fala comigo pelo icq? Hein, hein?

Nenhum comentário: