domingo, agosto 04, 2002
Clareia manhã. As cortinas se fecham, a luz se acende. A festa acabou, o palhaço tira a fantasia e cabisbaixo retorna ao lar. Silêncio. Só os indícios dão certa noção do que havia até a pouco, a música, as pessoas, as gargalhadas soltas sem cerimônia. Mas agora acabou. Como lembrança só há um resto de fantasia esquecida, perto daquele menino triste, encolhido num canto. Pra ele não teve alegria, não teve risada, não teve pipoca, não teve dança. Respeitável público, bem vindo a vida real. E ele se levanta e caminha, rumo ao nada. A mentira que se esconde por entre os refletores agora dorme. E uma lágrima escorre por seu rosto. Ele só queria carinho, só precisava de um abraço, um beijo na fronte. Mas o contentamento que dominava o ar até então não o atingia. Não conseguia viver de ilusão. Mas a dor da solidão era tanta que quase acreditava que ela fosse o caminho da felicidade, mesmo que momentânea. E o que é a vida a não ser alguns poucos momentos de riso e outros tantos de lágrimas?
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