A gente precisa aprender a observar o mundo com outros olhos e, como as crianças, se surpreender com as situações do cotidiano, seja um sorriso amigo ou ou bichinho que cruza o caminho. É bom viver fotografando com os olhos e guardando na memória as imagens das pessoas coisas bichos situações inusitadas que esbarramos por aí todos os dias. Traz leveza, as vezes nos faz, rir ou chorar, mas faz o coração bater, a cabeça pensar e é melhor viver isso que ser indiferente. E no mínimo a gente aprende um monte de coisas.
Eu acho que eu nunca vou crescer. Me olho no espelho, reparo os olhos, o traço do nariz, os cabelos, e as roupas. Até elas, por mais que eu mude, parece que estão entranhadas. Não me sinto uma mulher de 25 anos, talvez uma menina que carrega essa idade porque os anos passaram, mas que na verdade continua com 7 anos, de melissinha azul, maria-chiquinha nos cabelos e a camiseta da boneca Paloma, aquela mesma, a de pano que sumiu num dia de sol no play e nenhuma outra pode substituir. Me sinto uma criança que sempre se surpreende com tudo, mesmo com o pôr do sol que vê todos os dias ou com o homem do ponto de ônibus que chega pontualmente pela manhã. Me surpreendo com o gatinho que teima em se esfregar em minhas pernas ou com o sorriso da meninha brincando na porta de casa. E me surpreendo com cada palavra da criatura nova que apareceu e veio falar comigo, tecendo meia dúzia de elogios. Velhos clichés que eu sei de cor, mas que continuam, ainda, me aquecendo e amolecendo toda e qualquer chance de agir como um velho coração cansado de apanhar. Nada de armaduras, nada de deixar o medo comandar. E mais um tombo, claro. O joelho traz as marcas, várias cicatrizes de tantos anos de quedas. Mas eu passo a mão por cima e levanto. Eu sempre levanto. Disfarço o choro e sigo em frente. Até dar de cara com a próxima pedra e ainda assim ir de encontro ao chão. E levantar de novo. Mas eu não desisto, por mais que eu diga, por mais que eu tente, não consigo fechar os olhos e o coração para as surpresas que dão um susto na gente todos os dias. E elas vêm, eu sei que vêm. E um dia, preparada pra cair, sabendo a dor que é e que nem assusta mais, eu não caio. Pelo contrário, uma mão amiga vem e me ampara.
quinta-feira, junho 26, 2003
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