Teve uma época que eu acreditava que aquele era um amor único, a pessoa mais interessante do mundo, e que nada nem ninguém nunca mais chegaria a seus pés, que se eu o perdesse, jamais gostaria sequer de alguém. Amor então... Mas daí ele se foi, e eu descobri que existem milhares de pessoas interessantes - e até mais interessantes que ele. Pessoas únicas, amores únicos, como também não podia deixar de ser. Eu sei que ninguém é igual a ninguém, mesmo parecidos, cada um tem uma coisinha, um gosto, um cheiro, uma alegria e uma dor que ninguém mais tem. E isso te faz interessante e especial. Talvez só pra mim, ou só praquele outro, mas especial, e pessoas assim tinham que ficar a vida inteira com a gente, sempre rondando, sempre por perto, pra acalmar o coração, pra nos fazer sorrir mais vezes.
Porque eu não sei lidar com a perda de pessoas únicas e especiais. Eu aprendi a ter tudo o que eu sempre quis, só não aprendi a perder. Eu guardo caixas e mais caixas de quinquilharias que ficam há tempos acomodadas num canto, mas eu sei que elas estão ali pra quando eu precisar. O que eu não suportaria seria simplesmente ter que me desfazer, perder aquilo tudo. Ah, e pra que que eu tô dizendo isso tudo mesmo? Acho que pra falar dos amores especiais e únicos, que aparecem e somem com a mesma rapidez, que num piscar de olhos vão embora sem dar nem um tchauzinho sequer. E eu sei disso, por isso a cada encontro eu imagino uma despedida e aproveito como se fosse a última vez, o último dia. Por que algum dia há de ser. Eu queria ser capaz de me apaixonar sempre e por qualquer um que também se apaixonasse por mim. Primeiro ele, depois eu, só por garantia. Mas não, eu sou sempre a apressada que toma a frente, que joga o coração no meio da rua, pulando afobado e sendo atropelado logo em seguida. E daí o fulano se vai, e junto com ele todos os papos intermináveis e deliciosos, e todos os sinais de vida. Tudo some, sei lá porque. Que mal eu fiz, aonde eu errei? Eu não sei, preciso descobrir o quanto antes, preciso aprender a viver, achar o manual dessa coisas complicada que é conviver com pessoas. Hoje eu conheci alguém, ontem eu encontrei outro alguém, e anteontem também. Sempre aparecem pessoas novas na minha vida, bom papo, boa companhia, pessoas únicas e especiais, até interessantes, mas por nenhuma delas o meu coração idiota saiu doido correndo e pulando, se jogando no meio da rua debaixo de um carro desgovernado como ele. Meu coração é sensato, ele só se joga quando tem certeza de que eu vou me ferrar. E dessa vez ele exagerou, a coisa não passou tão rápido como de praxe, como eu esperava, e dói, e incomoda, e daí que eu vou atrás, porque não sei viver esperando e na incerteza, mas nada acontece e só me resta ter paciência, já que não consigo esquecer. E essa coisa que fica aqui dentro tá sempre acordada, incomoda pra não me deixar esquecer um minuto sequer. As pessoas bem que podiam ser substituíveis, seria bom se a gente pudesse trocar de amor como se troca o pneu furado do carro. Não me quer, não deu certo, liga pra assistência técnica e substitui, fácil assim, e prático, mas não. Aparece outro, e mais outro, mas aquele não sai da cabeça e do peito. Engraçado que qualquer sinal de vida faz diferença, um sinal de fumaça, um simples telefonema ou um "oi" virtual já me fariam um pouquinho mais feliz. Mas não, nada. Eu quero querer esquecer, me afastar, não mais tentar. Mas daí eu deixo de ser eu. Eu só deixo de querer e de tentar quando não quero mais. E eu ainda quero, ô se quero. Mas queria não mais esperar um sinal seu.
domingo, agosto 17, 2003
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