"Dias atrás eu estava "montando" um presente de aniversário para uma pessoa bastante especial. A idéia básica que eu tinha era que iam ser CDs, filmes e livros bacanas. E que tudo isso trouxesse, agregado, algumas coisas que me explicassem. "Olha, eu sou um pouco desse CD, ele me explica", entende? Bem, fiz uma pequena seleção de CDs, escolhi um filme e decidi por dois livros. Porém, antes de chegar aos dois livros "finalistas", eu caminhava na livraria com oito volumes nos braços. Isso foi até eu achar, "escondidinho" em um dos cantos, Ilusões, de Richard Bach. Estava na área de romancistas, e eu temi muito que já o tivessem colocado na área de auto-ajuda (é sério - risos). Para você ter uma idéia, caro leitor, Paulo Coelho já colocou esse livro na lista de livros que mais o influenciaram. O que era para ser um elogio acabou funcionando ao contrário, e acredito que muita gente tenha se afastado do livro apenas por essa citação. O que seria uma bobagem, diria eu. :) Porque ali, sentado no chão da livraria (a Fnac, na av. Paulista), com vários livros que eu julgava que me traduziam, cheguei a conclusão que grande parte da pessoa que sou hoje foi muitíssimo influenciada por este livro de Richard Bach. E, na boa, eu fico feliz por isso. Talvez fosse cool ter um livro de Shakespeare ou algum filósofo ou alguma obra clássica como formador de personalidade, mas no meu caso, o livro que se encarrega disso é uma fábula (aos moldes de O Pequeno Príncipe) de pequenos milagres(...) Lá pelas tantas, (...)empresta para o amigo o Manual do Messias, que era uma coleção de máximas em parágrafos curtos. Lembro que na adolescência cheguei a anotar várias dessas máximas, e ia as decorando para aplicá-las na minha vida. (...).
Adorei. Faço dele as minhas palavras, mas meu livro do Richard Bach é "Fernão Capelo Gaivota". Li pela primeira vez com doze, treze anos, na casa de uma amiga da minha mãe. Deitei no sofá e li duma vez. Comprei no sebo baratin, reli dezenas de vezes. "Este livro é um dos mais leves e engrandecedores que já li. O autor, através de uma metáfora, trata do tema transcedência de um modo tocante e sublime, utilizando-se de uma gaivota cuja personalidade e os conflitos são universais", "Voar é o sonho de quem alimenta o ideal de liberdade em cada minuto de sua vida". "Richard Bach foi um amante dos céus, das nuvens e das alturas. O seu Fernão Capelo é uma gaivota que só pensava em voar, ultrapasando os seus limites e sua própria anatomia. Suas asas eram grandes demais para vôos altos. Porém seus esforços contínuos fizeram dele grande conhecedor de sua própria anatomia e as possibilidades de controlar suas limitações. Tornou-se uma gaivota diferente e começou a sentir o sabor amargo das diferenças e do desprezo. Mas não aceitava a idéia de ser uma gaivota comum. Gaivotas comuns não pensam, mas ele não era comum, por isso pensava. 'Essas promessas são só para gaivotas que aceitam o vulgar'. Continuou solitário voando para além de seus limites. Descobriu 'que o tédio, o medo e a ira são as razões porque a vida de uma gaivota é tão curta...'. Sem isso a perturbar-lhe o pensamento, viveu de fato uma vida longa e feliz. Duas irmãs o procuraram e também aprenderam a voar alto. De volta ao seu bando descobriu que muito faltava aprender. Ele ainda não sabia o que era o paraíso. Procurou o sábio mais velho e descobriu que 'o paraíso não é um lugar nem um tempo. O paraíso é ser perfeito', disse-lhe o sábio. 'Para voar à velocidade do pensamento, para onde quer que seja, você deve começar por saber que já chegou...'. Vê mais longe a gaivota que voa mais alto'. 'Ultrapassando o tempo, tudo o que nos resta é Agora'. 'Voar tem muito mais valor do que esvoaçar de um lado para o outro! Um mosquito faz isso'.
O livro é uma agradável mistura do vôo das gaivotas e de todas as possibilidades felizes que o seu avião poderia lhe dar, sendo ele o condutor e o piloto de sua própria liberdade".
Resenha que achei na net.
Tb no Screamyell, me identifiquei com "Logo em seguida, entre sexta e segunda, foi a vez de Arnaldo Baptista marcar presença nos fones de ouvido. Loki?, de 1972, é apontado por muitos como o disco mais triste e desesperado do rock nacional em todos os tempos. Discordo. Ele pode ter sido até o lançamento da dobradinha Tempestade / Uma Outra Estação, da Legião Urbana, esse sim, o ponto mais baixo no quesito melancolia que o rock nacional já alcançou. Aliás, tem uma história legal do Wander Wildner com esses discos da Legião. Enquanto ele gravava o Baladas Sangrentas no estúdio do Tom Capone, à noite, a Legião gravava Tempestade, de dia. "Como estávamos mixando, tinha horas que enchia o saco de ficar ouvindo as minhas músicas vezes seguidas. Ai colocava os fones com a base do CD da Legião, e era só o Renato tocando violão, com um pouquinho de baixo e bateria. Aquilo é lindo, o melhor disco do mundo", contou Wander em um entrevistão matador para a Rock Press, certa vez. Não chego a dizer que Tempestade é o melhor disco do mundo, mas é o mais triste e melancólico, com toda certeza" (...) Uma música tem o poder de fazer a gente sorrir? Sim. Pelo menos comigo. Ontem, 15h, eu entro no ônibus, abandono o livro e coloco os fones. A microfonia cresce nas duas saídas, bateria e baixo entram desconstruindo tudo, e surge a letra: "Tem dias que a vida parece coca-cola sem gás". O nome da música, que ainda traz versos como "roupas velhas em dias de sol / calças rasgadas sorrindo" (e isso me resume muuuito), é Repeat Please, da banda Maria Bacana. Lançado em 1997, Maria Bacana, o disco, era uma grande promessa. Todo mundo falava na "nova Legião Urbana". No entanto, o disco não aconteceu, e ouvindo ele hoje, oito anos depois, penso que se o lançassem do mesmo jeito, muita gente iria chamar o som deles de emocore, erroneamente. A Maria Bacana fazia aquele pop de guitarras delicioso, com o famoso "bate e assopra": barulheira de guitarra alternada com momentos melodiosos. Um paralelo: Ash. O álbum abre com duas cacetadas: Primavera e Bem Pensado, a segunda de letra docemente adolescente: "Dias longos, horas infinitas, papel grudado na bala, cabelo na comida: penso, bem pensado, e esqueço do que tenho pra fazer". Apesar da excelência de Repeat Please, a faixa que mais gosto é a 3, Olhos. Uma guitarra serra elétrica faz barulho dos dois lados do fone. A bateria é só prato enquanto o baixo serpenteia no fundo. André canta: "Depois que eu grito / Fico olhando nos seus olhos / Que ficam procurando o que mostrar / Não foi por querer / Depois tudo volta ao normal / Parados por longos segundos / Parados num grito mudo / Entre um passo em falso e um instante que se vai". Esse trecho dura quarenta segundos e, após um break curto, a banda segue roqueira e barulhenta (e sempre me dá vontade de sair pulando nessa hora) até o vocalista definir tudo: "As coisas ficam mais leves se eu tiver seus olhos / Para olhar dentro dos meus". Entre os destaques, ainda, a roqueira Caroline, a ótima O Trem e o Rádio e Por Ai, cuja letra diz : "Entre o sono e o sonho estou dançando enquanto dá". Sempre."
segunda-feira, maio 22, 2006
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