segunda-feira, agosto 21, 2006

.texto enviado por email pelo amigo MA, correspondente da Folha.
.bem bacana, vale a pena ler (pra quem se interessa por música, obviamente).

(ENVIADO ESPECIAL A CHELMSFORD)

"A concorrência era forte _Morrissey, Beck, Kasabian, Bloc Party_, mas Thom Yorke e seus comparsas botaram todos no bolso assim que pisaram no palco, na noite do último sábado.

Era a primeira aparição do Radiohead em um festival britânico nos últimos três anos, e a banda fez o que se esperava dela: em um cenário deslumbrante, apresentou três músicas novas, enfileirou hits e fez o melhor e mais longo show do V Festival.

O evento, que aconteceu no último fim de semana em Chelmsford e em Staffordshire (ambas na Inglaterra) simultaneamente, reuniu 130 mil pessoas em torno de seis palcos (em cada cidade) e de mais de uma centena de artistas.

O ingresso antecipado para os dois dias custava 100 libras (cerca de R$ 400), fáceis de relativizar dado o número de grandes atrações e tendo em mente que a entrada para a recente turnê de Madonna na Inglaterra custou até 160 libras (cerca de R$ 640).

Mas as considerações financeiras ficam em segundo plano quando o Radiohead entra em cena, tocando "Airbag", do clássico "Ok Computer" _base do show, que tem ainda "Paranoid Android", "Lucky", "No Surprises" e "Karma Police".

Em frente a um cenário de dez telões poligonais e sob uma iluminação estupenda, Thom Yorke faz sua tradicional dança epiléptica enquanto alterna velhos sucessos _"Just", "Creep"_ com canções do próximo álbum, como a empolgante "All I Need".

Marionetes
A animação do público confirmou a vitória do Radiohead como principal atração do festival, mas antes da banda se apresentar tudo levava a crer que o título seria difícil de decidir.

No mesmo horário, em outro palco, tocava o Kasabian, uma das maiores sensações atuais do Reino Unido, apresentando seu segundo álbum, "Empire".

O americano Beck, que tocou antes do Radiohead, foi outro que certamente entrou no "top 3" da maior parte da audiência, com o show mais divertido do fim de semana, com direito a marionetes e fantasias de urso.

Com o excelente repertório do último disco, "Guero", na ponta da língua _do rock de "E-Pro" à dançante "Girl"_, o público ainda viu Beck desfilar seus principais sucessos, como "Loser" e "Devil’s Haircut".

Quem também poderia clamar para si o título de estrela maior, mas sofreu com o horário ingrato em Chelmsford, fechando a noite de domingo, foi o ex-líder dos Smiths, Morrissey.

Abrindo e fechando o show com clássicos de sua ex-banda _"Panic" e "How Soon is Now", respectivamente_, com uma imensa foto da escritora Virginia Wolf como cenário e elegantes ternos vestindo a banda, o velho Mozza mostrou que sua voz continua ótima, sua língua, afiada, e seu público, fiel.

Bandas novas
Se é fácil entender a atração exercida por medalhões com uma carreira já bem-desenvolvida, é impressionante como bandas mal saídas do primeiro disco viram grandes atrações do festival e magnetizam o público.

O quarteto de neo-hippies gordinhos do The Magic Numbers, por exemplo, parecia ter anos de carreira quando o público acompanhava com palmas as músicas de seu único disco.

Bloc Party, Hard-Fi e Keane _todos estrelas do palco principal_ já são entidades pop, com suas músicas cantadas por uma audiência bem mais eclética do que apenas os indies que os conhecem no Brasil.

E ainda havia roqueiros cheios de gás _The Dead 60’s, The Young Knives, We Are Scientists, Art Brut_ lotando suas tendas nos dois dias."

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