segunda-feira, julho 29, 2002

Quando eu cheguei a porta estava encostada. Ele fez menção que eu entrasse, mas hesitei. Também tinha medo de tropeçar mais uma vez e me machucar. Eu sabia da barreira que havia no meio do caminho e temia levar outro tombo. Isso dói muito, ainda mais com a ferida ainda não cicatrizada. Na verdade, ela nunca cicatriza. Cria só uma casquinha, mas basta passar o dedo que a casquinha se solta e começa a jorrar sangue.
Fiquei conversando com ele da entrada mesmo, mas o papo tava tão bom que dava vontade de entrar correndo, sem parar pra pensar. Eu só estava ali porque fui convidada a chegar mais perto, mas precisava de um convite real para entrar. Porque ele me convidou, mas quando eu insinuava, ele recuava. E ficávamos nesse jogo até... Até eu tomar vergonha na cara e ir embora. É, é isso que eu devo fazer, ir embora, e depressa. Já vi lugares como esse e os finais nunca foram felizes. Mas ao mesmo tempo sei que não existem portas iguais, por mais parecidas que sejam. O que que eu faço então? Preciso saber antes de entrar, preciso saber se você quer que eu fique, se você quer que eu vá. Só não sei ficar no meio do caminho, não posso, não quero.

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