Eu li e reli aquela nota de email umas 300 vezes e não consegui identificar ali nem sinal de você, do que você era há alguns meses atrás, do que nós fomos. Porque eu deixei você ficar assim? Porque eu não te segurei, não te agarrei firme, pra não permitir que você se fosse?
Não, eu não posso segurar o que deveria estar dentro de você, nem muito menos posso botar de volta. "Lamento", você disse, com um tom de ironia impensado. E eu lamento, lamento mais que tudo nesse mundo a sua falta de esforço, a sua falta de vontade de ceder e saber repartir o tempo, o desejo. A sua falta de vontade de transformar a paixão em amor. Porque não é só tarefa do acaso, tem que vir do fundo. E eu queria jogar a culpa toda pra cima de mim, assumir os erros, a minha incopetência, a minha intolerância, o meu mau-humor... Porque talvez assim fosse mais fácil entender, aceitar e esquecer. Mas não, não dependia de mim, não mais. E eu lamento, como eu lamento por você ser assim, distante, insensível, preguiçoso. Lamento por você querer sempre tudo fácil e pronto e cômodo, porque pra mim estava cômodo também, mas nem de longe confortável. E mesmo assim eu continuava ali, sentada, assistindo ao programa de tv com um nó na garganta. Talvez eu não sinta falta de você, talvez eu sinta falta de alguém. E eu choro lembrando porque é bom ter lembranças, saber que uma história existiu, porque ela você não pode me arrancar. Se bem que você não faria força nem pra isso...
Mas de que adianta chorar? Ninguém vê quando eu choro, você não vê, não imagina, ou então finge que não sabe, porque é bem mais cômodo. Porque eu choro então? Pena de mim? Ninguém tem pena, nada muda com as minhas lágrimas. Aliás, nem com o meu sorriso.
sábado, maio 24, 2003
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