terça-feira, janeiro 06, 2004
Todo dia ela faz tudo sempre igual. Sentada no mesmo banco da mesma praça, escreve sem parar num caderno velho. Maltrapilha, suja e aparentemente mais velha do que realmente deve ser, não levanta o olhar nem por um segundo, e da mesma forma, parece não se abalar com os olhares curiosos que atrai. Me lembrou a personagem do livro, tetraplégico e preso a uma cama, precisa de ajuda até para se coçar. Num dado momento, quase morre de tédio e, irritado, procura bobagens e futilidades para passar o tempo, tortura infindável. E o que há de ser pior: ele, preso à cama ou ela, presa a uma vida que só faz passar os dias sem nada, nem ocupação nem ninguém, só aquele caderninho de anotações... ?
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