sexta-feira, setembro 20, 2002

Nada de choro, nada de lamentos. Hoje eu quero falar de dança, de alegria, de risada. Porque eu não quero saber de lágrimas, pelo menos por enquanto. Porque eu cansei dos clichés da vida e eles aparentemente tiraram férias de mim, então, eu quero continuar tendo os meus cinco anos, sendo sem noção e brincando, como se o carnaval da vida nunca tivesse fim. Não tem que dar certo, já está dando, e é isso o que importa. A gente se acostuma a depender de coisas que na prática não fazem a menos diferença. Meu nome só serve pra assinar documento, minha idade também, só pra constar. Não importa o que eu sou, o que somos. Não importa para onde estamos indo. Só sei que não estou perdida, a direção o vento nos mostra. Não tenho certeza de nada, e como ter? Dane-se, eu estou viva, e está tudo bem, obrigada. E eu não vou permitir que nem eu mesma atrapalhe isso.
Ei, me desculpem, sei que todos lêem o blog dela, mas foi inevitável copiar isso aqui, porque é bem o que eu queria dizer. Amei, Kamille.

Distraído
Frio, noite. Você me viu, não posso mais fugir. Você sorri. Eu não quero mais fugir. Eu quero ficar e te dizer tudo o que eu guardei e tinha esquecido, mas agora que estou aqui com você eu lembrei, e é tão bonito, e bonito é você, você que não sabe ou não quer saber o que eu sinto. Eu não quero mais ir embora, eu quero ficar, aqui ou em qualquer lugar com você.
Com você eu não tenho vontade de jogar. Não que eu saiba, mas com você eu sequer penso nisso. Sou toda risos, olhares atentos e tentativas de ser engraçada. Sempre. É bom porque você também ri, e isso já é alguma coisa. E também é o meu jeito de esconder o que se passa aqui dentro, o pensamento mais rápido do que posso agir ou mesmo entender, como sempre, a confusão entre razão e sentimentos que eu não consigo negar nem esconder que sou. Mas tento.
Eu gostaria de, num arroubo de coragem ou otimismo, arriscar te dizer de um jeito ou de outro o que eu penso todas as vezes que te encontro ou ouço falar em você. Te dizer que hoje eu vi aquela bebida que você gosta e lembrei de você. Que inúmeras outras vezes eu me lembro de você. Que, na verdade, raro mesmo é te esquecer.
E você, homem de sorriso encantador, você que para ser meu não precisaria nem deveria mudar nada desse jeito que é o jeito mais legal do mundo, que é magro e alto e gosta de falar, que tem a voz bonita e gosta de olhar livros, que presta atenção no que eu digo e quase sempre concorda, onde anda com a cabeça que não percebe que por trás de cada gesto ou palavra pra você existem muitas outras intenções?
(Por Kamille Viola)

quarta-feira, setembro 18, 2002

PS: Ouvindo Legião Urbana.
Vim no ônibus, voltando da facul, com uma vontade louca de ouvir Legião, coisa que tenho feito cada vez mais raramente. Mas é bom assim, parece que a música fica mais bonita, e aí ela continua te passando algo...
"Estou pensando em você, quero te ver..."

Eu tenho que parar com essa mania idiota de comparar e medir as coisas. Não, não qualquer coisa, eu só faço isso exatamente com o que não deveria. Não se compara vida, não se mede sentimento. Cada criatura desse mundo é única, cada história é única. Existem coisas parecidas, claro, mas nada é igual. A vida é eterna surpresa, e essa é que é a graça. Se a gente sempre soubesse o final do filme, não adiantava nada ter vindo pra esse planeta. O negócio é relaxar e gozar, ir curtindo cada passo novo sem pensar muito no que vem depois do próximo.
(...)
(Isso aqui tá mais parecendo minha aula de psicologia de auto-ajuda do que qualquer coisa. Sou eu querendo me convencer do óbvio. Tolinha.

"...e você sorriu pra mim"

segunda-feira, setembro 16, 2002

Estamos regredindo. Aliás, eles estão. Alguns deles. Nego se diz moderninho, mas é tão demodé quanto seus avós. Se bem que esses, na sua época, costumavam ser bem mais cavalheiros que esses cavalos que nós esbarramos volta e meia por aí. Não são todos, claro que não, existem gratas e doces exceções, mas o fato é que alguns homens ainda perdem tempo precioso fazendo rodinha pra falar mal de mulher. Falam mal até das que já pegaram, não têm a menor vergonha na cara, cospem discaradamente no prato que comem e se lambuzam. As mulheres, no geral, não ligam tanto pra aparência, e as vezes não se incomodam nem com a inteligência pouco beneficiada de alguns espécimes. E, se contentam com pouco sim, conseguem ser felizes e se satisfazer com a esmola que Deus lhes ofereceu. Se algum dia forem criticar alguma criatura, vai ser por merda que o tal desinfeliz fez, e não por causa do nariz que é grande ou do pau que é pequeno. Eu, pelo menos, sou assim. Não fico perdendo tempo em rodinha falando mal de homem do nada, assim, por falar. Como se precisasse de assunto, pra tirar vantagem, pra fazer tipo, ou sei lá o quê. Tô mais preocupada em encontrar alguém legal que eu possa falar bem. É tão melhor! E ainda bem que existe "alguéns" assim. Ah, vai tratar de ser feliz, cambada de homi mal amado!
"Vamos brincar, amor? vamos jogar peteca
Vamos atrapalhar os outros, amor, vamos sair correndo
Vamos subir no elevador, vamos sofrer calmamente e sem precipitação?
Vamos sofrer, amor? males da alma, perigos
Dores de má fama íntimas como as chagas de Cristo
Vamos, amor? vamos tomar porre de absinto
Vamos tomar porre de coisa bem esquisita, vamos
Fingir que hoje é domingo, vamos ver
O afogado na praia, vamos correr atrás do batalhão?
Vamos,amor, tomar thé na Cavé com madame Sevignée
Vamos roubar laranja, falar nome, vamos inventar
Vamos criar beijo novo, carinho novo, vamos visitar N. S. do Parto?
Vamos, amor? vamos nos persuadir imensamente dos acontecimentos
Vamos fazer neném dormir, botar ele no urinol
Vamos, amor?
Porque excessivamente grave é a Vida
."
Hoje é dia daquela velha música...
"Agora eu vou cantar pros miseráveis
Que vagam pelo mundo derrotados
Pra essas sementes mal plantadas
Que já nascem com caras de abortadas
Pra pessoas de alma bem pequena..."