quarta-feira, maio 21, 2003

"Vila Sésamo", uma tortura

Uma tortura musical para os iraquianos

LONDRES. Músicas de programas infantis, como “Vila Sésamo” e do dinossauro “Barney”, se transformaram numa nova arma — ou num instrumento de tortura, como dizem as ONGs — nos interrogatórios de prisioneiros capturados no Iraque. Elas não estão sozinhas. Músicas de grupos de heavy metal, como Metallica, também têm sido usadas para minar a resistência dos presos que se recusam a cooperar.

Segundo a rede britânica BBC e a revista americana “Newsweek”, os prisioneiros que não cooperam nos interrogatórios têm sido expostos a essas músicas por longos períodos, na tentativa de que desistam e falem. A Companhia de Operações Psicológicas dos EUA (Psy Ops) informou que o objetivo era quebrar a resistência do preso através da privação do sono e do uso de músicas culturalmente ofensivas. Uma delas seria “Enter Sandman”, do Metallica.

Mas para a organização de direitos humanos Anistia Internacional, tais táticas, na verdade, constituiriam práticas de tortura, o que significa que as forças de ocupação estariam violando a Convenção de Genebra.

A longa exposição a esses sons afetaria a capacidade de raciocínio. Seria uma técnica não letal e sem efeitos posteriores. Um americano que teve de ouvir por 45 minutos em treinamento a música do programa do dinossauro Barney disse esperar nunca mais ter que passar por isso de novo.

Outras denúncias se referem a práticas bem menos sutis. O iraquiano Muhammad al-Tamimi contou que teve os quadris chutados e sofreu pancadas na cabeça com o cabo da arma de um soldado britânico. Como ele, mais de 20 iraquianos dizem ter sofrido maltratos das forças anglo-americanas.

As queixas que a Anistia Internacional tem ouvido de iraquianos que foram detidos pelas tropas anglo-americanas vão de espancamento a choques elétricos. Um ex-prisioneiro diz ter sido espancado durante toda a noite.

A organização disse que não pode ainda comprovar as denúncias. Mas informou que as semelhanças encontradas nos relatos de civis e militares iraquianos fazem com que sejam levadas a sério.

— O padrão que surge é de maltrato — disse Kathleen A. Cavanaugh, pesquisadora da Anistia Internacional que está em Basra, sul do Iraque, entrevistando iraquianos. — E esses maus-tratos podem constituir tortura, em alguns casos.

O Ministério da Defesa britânico e o Pentágono negaram as acusações e informaram estar agindo de acordo com a Convenção de Genebra.


Isso me dá uma boa idéia...

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