sexta-feira, abril 30, 2004

Não havia um aviso do tipo "tinta fresca" ou "ferida aberta", mas qualquer um podia perceber que as sensações ainda estavam a flor da pele. Os cheiros, os gostos, as lembranças dos lugares e dos fatos vividos ainda eram tão reais que em certos momentos de confusão ela acreditava serem de fato reais, e não fantasia. O ônibus de volta para casa fazia um trajeto um tanto quanto irônico, um tour pela casa "dele", da "mãe", o restaurante de sempre, os caminhos freqüentes, a praia mais famosa do mundo que nunca mais vai ser a mesma, agora com as lembranças impregnadas no seu cenário. Mas ela sabia, ela sabe. Tudo passa, mais dia menos dia a vida vira uma foto desbotada e alguns bilhetes amarelados, esquecidos numa caixa velha no fundo do armário.
(...)
O "buraco" não era por "ele". O vazio, na verdade, era por não ser "ele".
Mais uma vez.
Até quando?
(...)
Tempo, tempo, tempo, tempo... O que será o tempo? Mercúrio cromo mesmo, referência besta pro que não pode ser marcado por ele... O que é o tempo?

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