terça-feira, fevereiro 20, 2007

conversávamos sobre várias coisas. acho que fui eu quem citou o álbum "muitos carnavais" do caetano. datado de 1977, o álbum traz marchinhas de carnaval, e é bem quarta-feira de cinzas, uma coisa do pierrot apaixonado pela colombina que caga pra ele, como o sambinha de noel (não, não los hermanos, noel fazia isso bem antes, meu querido (a)). um ano antes d'eu nascer, caetano cantava o carnaval numa pseudo alegria, numa coisa tão conformada que é a minha cara, 'tá na chuva é pra se molhar'.
"Você tenha ou não tenha medo/ Nego, nega, o carnaval chegou/ Mais cedo ou mais tarde acabo/ De cabo a rabo com essa transação de pavor/ Que deus abençoou
Deus e o diabo no rio de janeiro/ Cidade de são salvador/ Não se grile". viemos cantando, de algum ponto de ipanema até botafogo. a conversa parou no ponto da real grandeza, íamos para o bloco da matriz.

e carnaval acaba comigo, mas doeu menos do que eu espera. "Sofrer também é merecimento", e acho que não mereci. nada foi tão bonito nem tão certo por esses dias, só para os outros, mas ainda assim me deu esperanças. esperanças de tudo aquilo que eu não vi.

festas, acabaram as festas, todas elas, as do calendário. mais um ano pra passar, pra eu esquecer, pra eu me encontrar e te encontrar. pra ser feliz sem dores nem traumas.

...e conversamos, nada rolou, mas há uma intimidade, algum carinho embutido na casualidade.
ypioca com fanta laranja, confidências, lambidas no braço, na smirnoff ice que derramaram no meu braço. lembranças de monthy phyton e do que fizemos juntos vendo o filme, e na boa, não te amo, nem estou encantada. porque me dói? essa maldita carência, ah.
não és tu, bem sei, mas quem é? volta, charlie, volta. preciso do seu cafuné que nem nunca tive. "Quando a hora é da razão/ Alguém vai sambar comigo/ E o nome eu não digo, guardo tudo no coração".

mais smirnoff ice, dessa vez sou eu quem bebe. sono, preciso dormir mais, esse maldito calor não me deixa. ele não ligou, aquele também não, o outro muito menos, já era de se esperar. o carnaval não poderia ser feliz e menos volúvel do que o cliché do carnaval?

...

e eu tava certa, lou, era "piaba" o que o caetano cantava na canção. "Piaba, piaba
Gastar tanta energia pra nada/ Piaba, piaba/ Mas é comigo que o mergulho/ Um dia você vai dar". engraçado que antes da conversa do ônibus, essa letra já me perseguia. curioso. e é comigo que um dia um mergilho você vai dar. não gasto mais energia com nada, eu bem sei mesmo...

vou dormir. pensar demais enlouquece, sentir demais fura o peito.

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