domingo, junho 08, 2003

Everyday is like sunday, everyday is silent and gray

Tomei coragem e falei. Não foi fácil, mas ligar seria um passo muito maior - e mais difícil.
Acho que pior que o fim é essa hora de destrocar as coisas que foram emprestadas, deixadas ali no canto que até pouco tempo era nosso. O descaso é aparente e eu finjo não perceber. Mas a minha mentira também é um tanto quanto óbvia.
Adiei o quanto pude, não queria que as lembranças viessem a tona. Logo agora que eu (quase) me sentia curada, logo agora que eu conseguia não lembrar se não quisesse e que, se por ventura alguma lembrança teimasse em aparecer, a dor não vinha. Mas hoje ela tá aqui rondando, esperando um pouco de distração pra se instalar. Logo hoje, um domingo. Eu devia ter deixado pra amanhã, dia de mente ocupada, dia de rotina automática. Mas hoje não, hoje é domingo. Desde sempre eu queria fazer desse dia um dia legal, nada de tv, nada de cama nem pijama, só diversão, troca de sorrisos, música e amigos. Mas não, o domingo teima em ser o dia da preguiça e do tédio mortal. E o dia das lembranças que a gente sempre tenta esconder num baú velho até esquecer que elas estão ali e abrir sem querer num belo dia. De domingo.

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