segunda-feira, janeiro 29, 2007

Há um antigo ditado japonês: "Se houver relacionamento, faço; se não houver relacionamento, saio". Um Mestre Zen, no final do século passado, fez a seguinte alteração:"Havendo relacionamento, faço; não havendo, crio relacionamento".
Criar um relacionamento não significa, necessariamente, obter resultados imediatos, embora muitas vezes estes ocorram. Novos relacionamentos em padrões antigos perdem seu significado. Precisamos criar relacionamentos a partir de novas maneiras de nos relacionar, de ver o mundo, de ser, de inter ser. Essa nova maneira pode, inclusive, recarregar de energia positiva antigos relacionamentos. Para descobrirmos novas maneiras precisamos, primeiramente desenvolver a capacidade de perceber como estão nossos relacionamentos atuais. Observe e considere meticulosamente a si mesmo. Perceba como está se relacionando em casa, na rua, no trabalho, no lazer. Perceba como respira, como anda, como toca nos objetos, como usa sua voz, como são seus gestos e como são seus pensamentos e os não pensamentos. Esse observar não deve ser limitante, constrangedor, confinador. Apenas observe. Será que é capaz de ver, ouvir, sentir e perceber a rede de inter relacionamentos de que é feita a vida? Será que estamos conscientemente vivendo nossas vidas e direcionando nossos pensamentos, ações e palavras para o sentido de mudança que queremos e sonhamos?Mahatma Gandhi disse: "Temos de ser a transformação que queremos no mundo".
Geralmente pensamos no mundo como alguma coisa distante e separada de n�s, mas n�s somos a vida do universo em constante movimento. Nossa vida forma o mundo, é o mundo, não apenas está no mundo. De momento a momento tudo está mudando, nós fazemos parte dessa mudança e podemos escolher, discernir qual o caminho que queremos dar a esse constante transformar. É por isso que digo que a transformação comdça em nós. Na verdade vai além de apenas começar. Nossa capacidade humana de inteligência e compreenssão nos permite fazer escolhas. E o que estamos escolhendo? Mahatma Gandhi:"Quando uma pessoa dá um passo em direção à paz, toda a humanidade avança um passo em direção à Paz" A minha decisão, a sua decisão pode transformar ou influenciar a direção da mudança. Há um sutra budista que descreve o mundo como uma rede de inter relacionamentos. Como se fosse uma imensa teia de raios luminosos e em cada intersecção há uma jóia capaz de receber essa luz e emitir raios em todas as direções. Qualquer pequena mudança afeta o todo. Cada ser que se transforme em um ser de paz, de harmonia, de ternura, carinho e respeito pela vida em todas as suas formas estará sendo uma mudança viva e influenciando tudo e todos. Qual o primeiro passo? Conhecer a si mesmo. Conhecer nossos mecanismos. O que nos afeta, nos incomoda? O que nos alegra? O que nos irrita? Como transformar a raiva em compaixão? Como transformar o desafio em competição leal, justa, empreendedora, enriquecedora? Sem nos preocuparmos com os créditos, se formos capazes de fazer o bem, não fazer o mal, fazer o bem aos outros estaremos transformando nossos lares, nossas amizades, nosso ambiente de trabalho, nossas cidades, estados, países, e a nós mesmos... no florescimento da Cultura da Paz. "Estudar o Caminho de Buda é estudar a si mesmo. Estudar a si mesmo é esquecer-se de si mesmo. Esquecer-se de si mesmo é ser iluminado por tudo que existe. Transcender corpo e mente seu e dos outros." (Mestre Zen Eihei Dogen - 1200-1253) É importantíssimo que iniciemos este "estudar a si mesmo" já. Percebendo nossas diferenças, aceitando a diversidade da vida e juntando nossas capacidades tanto intelectuais como físicas na construção desse verdadeiro céu, paraíso, Terra Pura, Shambala de que falam as religiões, todas elas. Cabe a nós, a cada um de nós criar esse relacionamento de carinho com a vida, de ternura com todos os seres, de compreenssão, de sabedoria e compaixão para percebermos o Caminho Iluminado e o Nirvana permeando toda a existência.

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