quarta-feira, julho 02, 2003

Uma vez eu li um texto que falava sobre as pessoas que passam pelas nossas vidas, que todo mundo deixa um pouco e leva um pouco. Eu sempre levo muito, porque eu não sei deixar, não sei abrir mão, eu guardo zilhões de quinquilharias no quarto assim como guardo no peito, como forma de ter as lembranças vivas nos olhos como gostaria que fossem sempre reais. Mas não são, o pra sempre sempre acaba, mais cedo ou mais tarde a gente tem que abrir as caixas largadas num canto e jogar as coisas fora. Mas a pior parte é escolher o que merece ficar e o que vai embora. Eu sou péssima para escolher caminhos, quero tudo, quero todos, porque nem sempre dá pra voltar atrás e tentar outro. Eu sou que nem esse poema do outro Fernando Pessoa que ele criou pra ele mesmo (o heterônimo Ricardo Reis). E daí quando eu quero de verdade eu tento tudo o que eu posso e sofro horrores quando não consigo. E quanto mais eu quero algo, mais difícil parece, e o tombo é certo. Basta eu nem ligar, não dar muita importância, aí então fica fácil conseguir. Porra, mas porque aquilo que não apetece é disponível e o realmente interessante não é? Não me venha com expectativas, elas são consequência dessas tais coisas interessantes... Ah! Eu não sei de mais nada. Nem quero saber. Na verdade, eu queria realmente não querer saber. E daí eu esqueço, as coisas passam, e quando eu menos espero reaparece do nada. É sempre assim. Normalmente passa mesmo, sem chances de volta. É isso o que eu mais lamento. E não é orgulho meu, só realmente acaba o brilho. Enfim, vida louca vida.

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua tôda
Brilha, porque alta vive.

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