domingo, julho 28, 2002

"A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. (...) A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, que se perde de si mesma."

Eu lembro de uma vez que eu tava conversando com ele sobre a avó. Ela sempre dizia que era velha e tinha razão, que velhos sempre tem razão, como se fosse um crime mudar de idéia. Acho que muito pelo contrário, o erro está em não mudar.
E a gente se acostuma pra não sofrer mas sofre. Eu sempre digo que não adianta se trancar numa armadura e ver a vida passar pela janela, pra um dia, quem sabe, perceber que desperdiçou tempo, jogou vida fora. Mas as pessoas se armam por qualquer coisa, mal levam um tombo e já ficam com medo da vida. Tolice. Então, por que vieram pra esse planeta? Já que a gente não escolheu e caiu aqui de pára-quedas, temos então que aprender a cair, porque os tais tombos doem paca's, mas a gente precisa deles pra aprender uma série de coisas que infelizmente somos incapazes de aprender na alegria. Porque eu não sei. Mas vale a pena correr riscos se houver uma chance, mesmo que remota, de ser feliz. E eu sempre corro riscos, todos eles. Mesmo ainda não sabendo cair direito. Digo que vou me esconder, que não quero mais isso nem aquilo, que tenho medo, mas na primeira oportunidade dou a cara a tapa. O bom é nunca se arrepender por não ter feito. Porque eu fiz. E faço de novo.

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