quinta-feira, outubro 10, 2002

Another No-One

Ela não ficava muito tempo sozinha. Volta e meia aparecia um cara novo e era sempre assim, paixão avassaladora, os dois colavam e seguiam juntos pra cima e pra baixo, noite e dia. Carinhos e sorrisos, uma coisa. Até parecia amor de verdade, daqueles de filme, amor pra vida toda, com tudo o que se tem direito, fidelidade, coisa e tal.
Ela tinha cansado das baladas e calhava dos caras não gostarem de sair, então era tv e pizza todo dia. Mas ela adorava. Não existe rotina pra quem gosta, ela dizia. E acreditava de verdade. Mas eles não. E pronto, passava um mês. O seu coração apertava, ficava pequenininho, encolhidinho e perdido dentro do peito. A vontade é que ele se perdesse de vez ali, pra ninguém achar e não ferir, mais uma vez. Porque ela sabia que seria assim. Era sempre assim. Mas quem disse que adianta? Depois de um mês e mais alguns dias, tcharam, tudo iria por água abaixo, como sempre. E aparentemente do nada, depois de filmes e risadas e pizza e banho e de dormir abraçadinho. Acabou. Sempre acaba. E você se acostuma e a dor passa. E a vida volta, os amigos estão ali, têm as baladas, que mesmo sem graça as vezes são um passatempo interessante num findi interminavelmente tediante. Até que outro menino aparece, por aí. Não importa como ele aparece, ele sempre vai aparecer. E se você fugir do mundo e não sair nunca mais, ainda assim ele vai aparecer. Vai bater na sua porta, vai ligar ou vai cair de pára-quedas no seu computador. E vai tomar seu coração virulentamente, vai colar em você e vai te dar um-mês-e-alguns-dias maravilhoso, dos sonhos, e vai destroçar seu coração e devolvê-lo aos farrapos. Ah, e sem exceção, ele vai gostar de Suede. Vai ver que é isso.
Têm coisas que nunca mudam.

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